terça-feira, 20 de março de 2018

40% do ensino à distância: o golpe fatal

Por Luiz Carlos de Freitas, em seu blog:

Finalmente aparecem, aos poucos, as verdadeiras razões que estão na base da pressão pela rápida reforma do ensino médio. O governo Temer estuda, no CNE – Conselho Nacional de Educação – liberar até 40% da carga didática do ensino médio (de qualquer disciplina) para o ensino à distância. Leia aqui.

A medida deverá promover a segregação escolar de forma mais nítida, criando escolas on line de baixo custo (e de baixa qualidade) para os mais pobres e mantendo a escola regular cada vez mais para as classes mais bem posicionadas financeiramente (principalmente aquelas em que os filhos não precisem trabalhar para sobreviver). De quebra, irá deslocar, com o tempo, o financiamento da educação para a iniciativa privada retirando recursos da escola pública e sua expansão. É questão de tempo o aparecimento dos vouchers (algo como uma bolsa) para estudantes em escolas on line privadas.

A canalhice sem limites da Globo

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Marielle Franco foi executada no último dia 14, pouco depois das 21h.

O jornalista Tom Cardoso fez um relato emblemático, em sua página no Facebook, acerca da (ausência de) cobertura da Globo no dia da tragédia:

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Tô no Rio.

Ontem à noite, ao chegar no hotel, fui alertado pelo segurança. Eu já tinha ouvido recomendação idêntica dos porteiros do meu prédio em SP:

– Cuidado, entra logo, tem um “diferente” vindo ali.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Fantástico distorce a história de Marielle

Ilustração: Bruno Debize da Motta/Mídia Ninja
Por Glenn Greenwald, no site The Intercept-Brasil:

Ontem à noite, a Rede Globo dedicou 45 minutos de seu popular programa “Fantástico” à execução de Marielle Franco e ao assassinato de seu motorista, Anderson Gomes. Essa história vem dominando as manchetes no Brasil durante a última semana, e continua recebendo destaque em órgãos de imprensa do mundo todo.

Esse não foi um caso em que a cobertura da Globo elevou uma história à proeminência nacional. Muito pelo contrário: O que nós vimos foi a Globo tentando assumir o controle de uma história que explodiu online graças ao ativismo cidadão e à raiva inconformada causada pelo crime, sem que se precisasse de ajuda ou amplificação dos grandes veículos de imprensa. Essa é uma das poucas vezes em que a grande mídia brasileira foi uma espectadora, não o motor, de uma história.

Marielle foi no Rio, Lorca foi em Granada

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Em 18 de agosto de 1977, Steve Biko foi preso numa barreira policial, em Porto Elisabeth (South África) e interrogado durante 22 horas por oficiais da Polícia, espancado, torturado e acorrentado. Quase um mês depois, foi levado com múltiplas lesões e em precário estado físico a uma prisão, para morrer, em 12 de setembro daquele mesmo ano, aos trinta anos de idade. As lesões foram constatadas e fotografadas. Seu assassinato sob tortura foi provado, mas os policiais – autores do crime – foram inocentados pelo Sistema de Justiça do “apartheid”.

México: o desastre neoliberal que nos inspira

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Desde que a doutrina neoliberal se espalhou pela América Latina, o México foi provavelmente o país que mais profundamente embarcou no canto da sereia que emanava de Washington. Apostou tudo na liberalização comercial, privatizou empresas e serviços públicos e abriu suas porteiras para o regozijo dos grupos financeiros internacionais.

Depois do colapso cambial que solapou o país em 1994/1995, os mexicanos dobraram a aposta, entregando suas reservas petrolíferas às grandes companhias do vizinho ao Norte e rebaixando os padrões de regulação do mercado de trabalho a fim de atrair maiores fluxos capital externo para seu terreiro.

EUA e Lava-Jato desmontaram o Brasil

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – Kenneth Blanco e o destino manifesto

A apresentação de Kenneth Blanco, vice-procurador adjunto do Departamento de Justiçam em evento ocorrido em julho de 2017, foi surpreendente. Especialmente pela intimidade com que tratou um dos membros do evento, então Procurador Geral da República Rodrigo Janot.
Blanco falou da missão do Departamento de Justiça dos EUA, de combater a corrupção “onde estiver” e aplicar a Lei Anticorrupção Norte-Americana.

Depois, deu uma aula completa sobre como se desenvolveu o relacionamento do Departamento de Justiça (DOJ) com o Ministério Público Federal brasileiro, que ele taxou de melhor relação da história. E confirmou o que o Jornal GGN já havia antecipado desde a visita de Rodrigo Janot ao DOJ em fevereiro de 2015.


Mais do que nunca, está em jogo a democracia

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A execução da vereadora Marielle Franco é um crime político que não permite dúvidas, hesitações nem falsos questionamentos.

Todo mundo sabe que é preciso escolher um lado - dos direitos humanos e da democracia - para enfrentar o crime e a brutalidade, aposta de quem escolhe a violência como método de solução de conflitos políticos numa sociedade.

Não há dúvida de que, 30 anos anos após a proclamação da Constituição Cidadã, o país caminha para uma encruzilhada.

Greve dos servidores: Doria não é confiável

Por Railídia Carvalho, no site Vermelho:

Apesar do anúncio de que o prefeito João Doria (PSDB-SP) vai retirar o PL 621 da pauta de votação da Câmara Municipal, a greve dos trabalhadores do serviço público municipal permanece. A mobilização critica o projeto que reforma a Previdência municipal e vai dificultar o acesso à aposentadoria além de reduzir salários. Neste sábado (17) acontecerá um sarau no acampamento montado pelos trabalhadores em frente à Câmara Municipal.

Lula sabia das coisas

Ilustração: Pataxó cartoons
Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

A Operação Lava Jato completa quatro anos sem a disposição de cumprir a missão impossível que tanto alardeou cumprir. O objetivo seria, segundo a lenda contada pelos procuradores, acabar com a corrupção no País. Aos poucos, no entanto, desvendou-se o projeto maior, oculto, que implicava inclusive fazer sacrifícios de certos aliados.

O senador tucano Aécio Neves concordaria com isso. Alguns empreiteiros também.

O importante seria destruir Lula e, na sequência, mandar o Partido dos Trabalhadores para os quintos do Inferno. Não foi.

Os “bolsominions” viraram “gremlins”

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A perda de apoio político na classe média está sendo sentida na pele pela horda bolsonarista - atenção, as palavras agora serão usadas com asterisco para assinalar o comportamento selvagem que adotam, podem invadir, ameaçar, etc, que não vão intimidar.

Um idiota* da Polícia Rodoviária Federal exige, armado e aos gritos, que o simpaticíssimo Alfredinho, 74 anos, figuraça de um dos bares do Rio, o pequeno Bip-Bip fosse (e foi) levado à delegacia – seguido por um carro da PRF com quatro agentes.

Leitura do golpe avança em aulas e livros

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Revista do Brasil:

A contribuição do ministro da educação Mendonça Filho para o desenvolvimento das pesquisas em história, sociologia e ciência política tende a ser inestimável. As represálias com que ameaçou um curso de extensão sobre o golpe de 2016, ministrado na Universidade de Brasília, fizeram com que o tema ganhasse amplitude nacional, passando a ser oferecido por mais de 35 universidades em todo o pais e três no exterior (Reino Unido, México e Colômbia). Essa será, sem dúvida, a principal marca de sua gestão.

A direita quer o cadáver de Marielle

Por Marcelo Zero

A execução de Marielle Franco está provocando um terremoto político capaz de rearranjar as placas tectônicas do cenário nacional. Com efeito, a repercussão nacional e internacional do caso assumiu proporções gigantescas, que podem redundar num movimento que tenha incidência direta e decisiva na sucessão presidencial e no futuro do golpe continuado.

Em princípio, um movimento como esse tenderia a beneficiar as forças progressistas do país, aglutinando-as e fortalecendo-as. Porém, o caso pode ser usado pela direita e pelo governo golpista, com o intuito de afirmar sua autoridade contra “bandidos”, demonstrar eficiência no “combate à criminalidade”, associar tal combate à “relativização de direitos” e à supressão da democracia plena e impor, como desejável e necessária, a pauta autoritária e regressiva do golpe.

Não estamos derrotados!

Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Mais uma vez, o cenário mudou. A emoção gerada pelo assassinato brutal de Marielle Franco e Anderson Gomes mobilizou centenas de milhares de pessoas, em todo o país. As ruas voltaram a se encher de uma multidão aguerrida, insistente, multicor, que há muito não por convocação partidária, mas por convicção de que ou agimos já, ou o país se tornará insuportável. E como as multidões foram inumeráveis, os hipócritas tiveram de ceder. Todo o noticiário dos jornais e das TVs, que há alguns dias enxergava a intervenção no Rio como caminho para o resgate do Rio, abriu espaço a uma mulher negra que denunciou desde o início a militarização das favelas. As tímidas ações de fachada, adotadas pelo ministro Raul Jungmann e pela procuradora geral Raquel Dodge tiveram repercussão pífia.

Intervenção no Rio e a hora das respostas

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Podemos estar num momento de viragem na conjuntura social e política, com desdobramentos importantes nestes meses que precedem a eleição deste ano crucial para o futuro do país. Vai depender do humor das ruas e das investigações sobre a execução da vereadora Marielle. Vai depender da capacidade do governo de oferecer respostas às questões ainda pendentes sobre os rumos da intervenção no Rio.

domingo, 18 de março de 2018

A desembargadora 'fake' será punida?

Por Altamiro Borges

O site da revista Fórum confirma que o PSOL ingressará com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a desembargadora Marília Castro Neves, que acusou a vereadora Marielle Franco de ligação com o crime organizado. Com base em notícias falsas postadas nas redes sociais, a juíza “fake” explicitou todo seu ódio fascista e escreveu em sua página no Facebook na sexta-feira (16): “A questão é que a tal Marielle não era apenas uma 'lutadora', estava engajada com bandidos! Foi eleita pelo Comando Vermelho e descumpriu 'compromissos' assumidos com seus apoiadores. Até nós sabemos disso... Qualquer outra coisa diversa é mimimi da esquerda tentando agregar valor a um cadáver tão comum quanto qualquer outro”.

Paulo Preto é amigo da turma da Lava-Jato?

Por Altamiro Borges

Paulo Preto, o “operador de propina” do PSDB, nunca foi incomodado pelos “justiceiros” da Lava-Jato, que amam de paixão os tucanos de alta plumagem – é só lembrar aquela foto clássica da troca de sorrisos entre o juiz Sergio Moro e o cambaleante Aécio Neves em um convescote da revista “QuantoÉ”. A desculpa para esta blindagem é de que ele não estaria no escopo das investigações da midiática operação. Matéria publicada pela Folha neste domingo (18), porém, desmonta esta farsa. Assinada pelo jornalista Mario Cesar Carvalho, ela comprova que “Paulo Preto foge do padrão de ‘correntistas suíços’ da Lava Jato”.

Trump, a guerra do aço e o Brasil

Por Lecio Morais, no Blog do Renato:

No último dia 16/03 o presidente dos EUA, Donald Trump, reconfirmou a imposição de suas sobretaxas sobre o aço e o alumínio. Agora retirando sua aplicação para os membros do Nafta, seu mercado comum com o Canadá e o México. Porém, ainda não assinou, até agora, o decreto necessário para efetivá-las.

Permanece assim a incerteza, não se sabe se a ameaça é para valer ou para se cacifar, jogando pôquer com o mundo. Pretende, de um modo ou de outro, tirar vantagem dos países exportadores do metal, inclusive de seus parceiros leais como o Canadá e a Alemanha. No primeiro caso, na renegociação das regras do Nafta; no segundo caso, forçar a Alemanha a elevar sua participação no financiamento da OTAN; e, provavelmente, em algumas outras negociações menos evidentes.

A vida de Marielle e a morte da democracia

Por Elika Takimoto, na revista Fórum:

Há tempos, muitos de nós alertamos que não estamos mais vivendo em um país democrático. Não se trata de ter um governo que não nos agrade e indignar-se por ver quem votamos ter sido afastada do cargo. Sempre foi algo muito mais profundo. A forma pela qual Dilma foi tirada do poder mostrou claramente que tudo o que está sendo feito não é pensando no melhor para o povo.

Não adiantou áudio, as provas não serviram de nada, malas de dinheiro ficaram invisíveis para quem via o bolsa-família com péssimos olhos e as manchetes e as matérias claramente manipuladoras feitas pela grande mídia nada significavam para quem sempre foi contra as cotas. A lavagem cerebral foi tão intensa que a reforma trabalhista foi desejada por pessoas que não eram grandes empresárias, o projeto de lei Escola sem Partido que amordaça os professores e as professoras chegou a ser aplaudido, o aumento da gasolina não mais incomodou, o sucateamento das Universidades Públicas não comoveu e, além de tantas coisas importantes que nos tiraram, tentaram diminuir a importância da vida de Marielle para o Brasil.

O “chicote hereditário” nas costas do povo

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

As arbitrariedades que no cenário do golpe de Estado vêm sendo cometidas pelos torquemadas do Ministério Público, juízes de primeiro grau, tribunais de segunda instância e membros da corte suprema mostram que vivemos no Brasil tempos de opróbrio, crueldade, injustiça e infâmia.

Em meio a tamanho transe, vale recordar o que disse Marx em sua obra “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” sobre a “escola histórica do direito”: “uma escola que legitima a infâmia de hoje com a infâmia de ontem, uma escola que declara como rebelde cada grito do servo contra o chicote, desde que o chicote seja um chicote idoso, um [chicote] hereditário, um [chicote] histórico…”

A vítima é a esperança de mudança

Por Pedro Estevam Serrano

Marielle não era ex de Marcinho VP.

Não teve sua campanha bancada por organização criminosa, como atesta, inclusive, o Procurador competente para investigar essas coisas.

Não teve filho aos 16 anos.

Era sim negra.

Foi sim eleita pela população negra e pobre dos morros cariocas, o único tipo de gente, segundo um Nazareno que viveu a cerca de 2000 anos atrás, que realmente pode ser chamada de “gente de bem” (lembra um papo de uma agulha e de um camelo?).